sábado, 4 de maio de 2013

Poesia Para Ser Dançada


Poesia feita na madrugada de um domingo, 
quando meu desejo era um vinho
e uma boa dança.
Foi ai que comecei a sonhar.


Pés fazem meia ponta,
cabeça gira e fica tonta.
Desequilíbrio leva o chão.
Os braços sobem
esfrega a mão.
A mão esfrega o braço,
a nuca, o peito o tronco.
O corpo vai se levantando,
se esfregando todo.
Cabelo, bochecha, joelho,
batata da perna,
peito do pé.
Pausa.

Olha para frente.
O quadril desenha um oito no ar.
Os pés começam a querer andar.
Os ombros se mexem.
Joelhos, cotovelos, punhos se contorcem
e tudo se encolhe
Len-ta-men-te.
E um salto se dá.
E corre.
E salta.
E corre.
E cai.
E levanta.
E corre.
E salta.
Cai levanta salta salta cai levanta cai levanta salta cai e cai e cai e cai levanta gira gira gira pirouette pirouette.
Pausa.

Silêncio.
Sobe na meia ponta,
passa pela ponta
e senta nos joelhos.
Respira.

Rola pelo chão.
Senta.
Tenta subir e cai.
Deita.
Respira.

Passa a mão direita no rosto errado
e acarinha o passado.
Simula um sorriso cansado.
Respira.

Levanta num susto,
olha para os lados.
Anda um, dois.
Para.
Puxa a bunda e sorri.
Um, dois.
Para.
Puxa a bunda e sorri.
Bate as mãos.
Tira o pé esquerdo do chão
e "dói, um tapinha não dói".
Faz plié relevé, tombée pas de bourrée, glissade.
E termina com um slide.

Josie Pessoa
2013

Nenhum comentário:

Postar um comentário